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Manifestação no Amial parou cinco autocarros por duas horas

Hugo Silva, JN [2007-01-04]

"O povo unido jamais será vencido" eram as palavras de indignação de uma multidão de utentes da Sociedade de Transportes Colectivos do Porto (STCP) que, ontem, se revoltou e parou o autocarro 600, junto à paragem da Azenha, no Amial, Porto, por volta das

"O povo unido jamais será vencido" eram as palavras de indignação de uma multidão de utentes da Sociedade de Transportes Colectivos do Porto (STCP) que, ontem, se revoltou e parou o autocarro 600, junto à paragem da Azenha, no Amial, Porto, por volta das 14.30 horas. Sara Leal, estudante, de 16 anos, afirma ter visto tudo desde o início. "O autocarro estava completamente cheio. A fila de pessoas para entrar era enorme. O motorista nem sabia o que fazer. Algumas pessoas revoltaram-se e colocaram-se em frente ao autocarro, impedindo que este avançasse mais", explicou. A partir desse momento, instalou-se a confusão e começou uma manifestação improvisada.

Quando o JN chegou ao local, cinco autocarros encontravam-se imobilizados. Três com destino a Loios e outros dois no sentido inverso, que seguiam para a Maia. Os agentes da PSP, que desviavam o trânsito para a Rua da Azenha para aliviar o congestionamento que se verificava no local, tiveram também de acalmar e afastar as pessoas que se encontravam em protesto no meio da estrada.

Os ânimos dos utentes alteraram-se devido à sobrelotação dos autocarros. Serafim Mendes, reformado, era um dos rostos do descontentamento. "Nasci aqui. Nunca houve falta de transportes. Até eléctricos tínhamos. Estávamos tão bem. Tínhamos o 71, o 92 e o 95. Agora, temos apenas o 600, que chega sempre cheio de gente. É muito complicado", disse, exaltado.

Fernanda Cunha, antiga utente do 71, também se mostrava indignada. Tem de apanhar mais autocarros para chegar ao seu destino. "Venho do Araújo (Matosinhos) e para chegar ao Amial tenho de apanhar três autocarros, o 602, o 505 e, finalmente, o 600", disse.

De mão dada a uma criança, Vítor Silva, residente no Amial, manifesta o seu descontentamento por ter estado mais de uma hora e meia à espera de autocarro. "Estava na Barca e o autocarro nunca mais parava", exclamou. "Vinham completamente cheios. Por isso, não paravam".

Ana Bela Silva trabalha num café e começa o dia muito cedo. Com a alteração das linhas, ficou sem alternativa para chegar ao trabalho a tempo e horas. "Como é que consigo chegar ao trabalho às 6.30 horas se o primeiro autocarro é às 6.25 horas? Impossível", afirmou, desconsolada.

Apenas às 16.20 horas, ou seja, quase duas horas depois do início dos protestos e da interrupção da circulação, o 600 finalmente retomou o seu percurso. O que motivou alguns protestos, dado que algumas pessoas não pretendiam deixar partir o autocarro sem que primeiro lhes fosse dada uma justificação por responsáveis da STCP.

Em comunicado divulgado também ontem, a STCP admite ter registado "algumas situações de falta de capacidade, designadamente nas linhas 600, 905, 402 e 305". Por isso, anunciou que já foram tomadas medidas, ainda durante a tarde de ontem, para reduzir esses problemas, aumentando a frequência, alargando os horários onde a oferta é mais intensa ou colocando em serviço autocarros articulados.

Populações da Maia também podem sair à rua em protesto

Se a STCP não recolocar autocarros a servir os núcleos populacionais entre a Rua Central de Ardegães (Águas Santas) e a Rua das Escolas (Milheirós) e na zona do Lidador (Vila Nova da Telha), as populações daquelas freguesias da Maia também deverão organizar manifestações de protesto. Realizou-se, há dias, um plenário na Junta de Milheirós e, de acordo com Bragança Fernandes, presidente da Câmara da Maia, só a intervenção da autarquia conseguiu acalmar os ânimos. Até porque, acrescentou, a STCP comprometeu-se, numa reunião, a reavaliar as alternativas para aquelas áreas, que eram servidas pelas extintas linhas 62 e 87.

O presidente do município assinala, contudo, que se as ligações não forem repostas em breve, as populações podem promover protestos. "Os moradores estão revoltados. E a Câmara está do seu lado, porque têm razão. As próprias juntas de freguesia lamentam apenas ter sido ouvidas, neste processo, quando os factos já estavam consumados", acrescentou.

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